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Unidade de Cirurgia Infantil e Adolescente

Uma equipa multidisciplinar com formação específica.

A Unidade de Ortopedia da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas encontra-se integrada no Centro de Ortopedia e Traumatologia, onde integra também o Centro da Criança e do Adolescente. Pretende ser uma Unidade de referência na sua área dando os melhores cuidados ortopédicos e ao mesmo tempo funcionar como uma Unidade de apoio aos Pediatras e Médicos de Clínica Geral que lidam com doentes em idade de crescimento.

O facto de estar integrado no Centro de Ortopedia e Traumatologia permite o intercâmbio de opiniões entre cirurgiões que dominam as diversas e mais modernas técnicas, facto que tem inúmeras vantagens em particular nos grupos etários de transição do adolescente para o adulto. Este grupo de médicos apresenta ainda diferentes graus de diferenciação.

A nossa unidade é constituída por médicos especialistas com diferenciação técnica em cada uma das áreas do esqueleto da criança e do adolescente, a cada grupo etário e em constante atualização com outros centros Europeus.

A equipa de ortopedia infantil e do adolescente domina as técnicas tradicionais (conservadoras e cirúrgicas) e tem desenvolvido as mais recentes técnicas minimamente invasivas e artroscópicas (menor agressividade).

Dentro da equipa existem membros vocacionados ao tratamento da patologia da anca (idade do recém-nascido ao adolescente e jovem adulto), deformidades dos membros (grandes reconstruções, como em particular a deformidade do eixo e as diferenças do comprimento dos membros inferiores e superiores), patologia do joelho e lesões traumáticas do jovem desportista e deformidades do pé.

Anualmente passam por esta unidade internos e jovens especialistas em formação tendo em conta que é uma unidade do Centro de Ortopedia e Traumatologia com Idoneidade Formativa dada pela Ordem dos Médicos.

Dra. Monika Furriel Thüsing
Coordenadora da Unidade de Ortopedia Pediátrica

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Unidade Infantil e Adolescente

Unidade Ortopedia Pediátrica

CIRURGIA ORTOPEDIA INFANTIL E ADOLESCENTEDra. Monika Thüsing

O desenvolvimento e crescimento do recém-nascido ao ser adulto saudável, passando pelas várias fases de infância e adolescência, é a meta que todos pretendemos. A criança é um ser muito ativo e a única preocupação que deveria ter é qual brincadeira irá inventar hoje. Mas não mede distâncias e ainda pensa que nada é impossível, daí resultarem acidentes que no esqueleto do jovem tem outras técnicas de tratamento (…)

Cirurgia Ortopédica Pediátrica

CIRURGIA ORTOPEDIA INFANTIL E ADOLESCENTEDr. M. Cassiano Neves

A vida é um acumular de experiências e desde 1974, ainda no meu 3º ano da Faculdade, foi-me dada a oportunidade de trabalhar como fotógrafo no Serviço de Ortopedia do Hospital de Santa Maria. A imagem do doente antes e depois de tratado, mostrou a beleza da especialidade que viria abraçar (…)

Ortopedia Infantil

CIRURGIA ORTOPEDIA INFANTIL E ADOLESCENTE Dr. Francisco Sant’Anna

 

Ortopedia Infantil e Pé infantil e do Adulto

CIRURGIA ORTOPEDIA INFANTIL E ADOLESCENTEDra. Susana Norte

 

Cirurgia Ortopedia Pediátrica

CIRURGIA DO INFANTIL E ADOLESCENTEDra. Joana Arcângelo

Concluído o Mestrado Integrado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa em 2010, realizou o Internato de Formação Específica em Ortopedia e Traumatologia no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) entre 2012 e 2017. Inicia colaboração com o Serviço de Ortopedia Infantil do Hospital Dona Estefânia em 2016 (…)

Dra. Patrícia Wircker - Unidade de Pediatria

CIRURGIA DO INFANTIL E ADOLESCENTEDra. Patrícia Wircker

 (…)

Unidade Ortopedia Pediatria

Patologias

Diferença de comprimento dos membros inferiores

INTRODUÇÃO

O termo dismetria designa desigualdades no comprimento dos membros. Consideram- se ligeiros até 2 cm, moderados de 2 a 4 cm e graves superior a 4 cm. A frequência varia entre 3 a 15 % da população infantil.

CAUSAS

As dismetrias podem ser constitucionais ou adquiridas. As constitucionais resultam de alterações da estrutura do osso e da sua capacidade de crescimento. Estas podem resultar de malformações congénitas, perturbações de crescimento, doenças ósseas constitucionais ou de causas vasculares. As adquiridas resultam de lesões externas tais como trauma ou infeções. Estas podem ser consequência de doenças neurológicas ou vasculares, traumatismos, infeções osteoarticulares.

SINAIS E SINTOMAS

Dismetrias superiores a 2 – 3 cm podem provocar assimetria da marcha com cansaço fácil, dor lombar e deformidade funcional compensatória da coluna vertebral.

O QUE FAZER?

É dependente da idade da criança e
da causa da dismetria. A severidade do caso, a previsão da altura da criança e da dismetria previsível no fim do crescimento são fundamentais para o estabelecimento de um plano terapêutico adequado. Por isso o acompanhamento destas situações deve ser feito em consulta especializada de ortopedia infantil.

TRATAMENTO

Na avaliação uma criança/adolescente com uma dismetria é fundamental um planeamento adequado. Os objetivos gerais do tratamento serão nivelar a bacia, de forma a proteger a coluna respeitando a altura mínima aceitável. A severidade do caso, a previsão da altura da criança e da dismetria previsível no fim do crescimento determinam a escolha sobre os tipos de técnicas a utilizar: alongamento, encurtamento, ou amputação e aplicação de prótese.

O uso de compensações pode ser utilizado em dismetrias superiores a 2-3 cm, tendo sempre presente que o uso de um sapato compensado (de sola mais elevada) marca a criança como sendo diferente, podendo provocar perseguição escolar (bullying) e depressão / isolamento. O facto de não usar a compensação não é necessariamente prejudicial, devendo discutir com o seu profissional de saúde as suas vantagens e inconvenientes.

EVOLUÇÃO / PROGNÓSTICO

As dismetrias de etiologia congénita são progressivas durante todo o período de crescimento Este facto permite prever logo à nascença a dismetria final.

Dismetrias até 2 cm têm, de um modo geral, um bom prognóstico pois não necessitam de compensação, ou esta pode ser mínima e bem tolerada. Dismetrias superiores a 2 cm necessitam de compensação no sapato ou reconstrução cirúrgica. São por vezes acompanhadas de outros problemas complexos a nível do pé ou joelho.

Acima dos 6 e até 25 cm, poderá ser possível a reconstrução com alongamentos e processos de reconstrução seriados complicados. Estes tratamentos provocam perturbação no crescimento e desenvolvimento da criança, que tem de ser submetida a vários procedimentos cirúrgicos durante toda a sua escolaridade. Em alternativa poderá ser proposta amputação parcial do membro e aplicação de uma prótese destinada a melhorar a funcionalidade Apesar da sua conotação negativa, permite em alguns casos excelente função e um número menor de procedimentos cirúrgicos.

PREVENÇÃO / RECOMENDAÇÕES

Não é possível de um modo geral, a prevenção destas situações, que, na sua grande maioria, não necessita de qualquer tratamento.

É de ter em conta que são realizados frequentemente um grande número de exames radiográficos, sem indicação clínica correta, dispendiosos e eventualmente prejudiciais para a saúde, pelo que é fundamental consultar o seu ortopedista antes de realizar qualquer exame.

Dor anterior do joelho no adolescente

O QUE É?

A dor anterior do joelho é um tema controverso. Tem nomenclatura e classificações confusas e sobreponíveis que incluem o síndrome femoro – patelar, síndrome rotuliano doloroso e é uma dor sentida anterior no joelho. Não existe uma relação entre a intensidade da dor e o alinhamento clínico ou imagiológico do aparelho extensor.

Exclui: Patologia peripatelar (bursite pré-patelar, doença de Osgood-Schlatter ou Sinding Larsen Johansson, tendinite rotuliana / quadricipital, síndrome da banda íleo-tibial), lesões traumáticas (fratura osteocondral, luxação da rótula), instabilidade ou artrose femoro-patelar.

É uma patologia osteoarticular frequente, tem uma componente psicológica e tem um grande impacto socioeconómico.

SINTOMAS

Os sintomas mais comuns são a dor sentida anterior no joelho, sem aumento de volume e em maioria dos casos com um início insidioso. A dor é vaga e mal localizada, descrita como desconforto profundo e pode ter uma incapacidade franca. A dor é mecânica e agravada por: escadas/planos inclinados, mais ao descer e depois de períodos sentado ou flexão prolongada (sinal do cinema).

TRATAMENTO

O tratamento na grande maioria dos casos é conservador. O objetivo do tratamento conservador é retornar a uma situação assintomática. O tratamento deve ser individualizado e por um período de pelo menos 3 a 6 meses conservador. Inclui:

  • Mudança de atividades:
    • Diminuição das cargas na articulação femoro-patelar
    • Diminuição das atividades que induzem sintomas
    • Diminuição do contacto com “frio”/ GELO
    • Anti-inflamatórios não esteróides por um período prolongado
    • Condroprotectores – glucosamina/condroitina dependente da idade
  • Fisioterapia

O tratamento cirúrgico tem indicação após ausência de resposta ao tratamento conservador durante pelo menos 3 a 6 meses e em sintomatologia persistente intensa e incapacitante.

EVOLUÇÃO / PROGNÓSTICO

O tratamento conservador é eficaz em 91% dos casos (Sanchis-Alfonso – anterior Knee Pain and Patellar instability).

Osteocondroses

O QUE É?
As osteocondroses são um conjunto de condições idiopáticas e auto limitadas caracterizadas por um distúrbio na ossificação encondral que atingem os núcleos ósseos em desenvolvimento nas epífises e apófises.

A maioria dos casos esta relacionada aos surtos de crescimento e a períodos de alterações hormonais. Nesta altura existe um desequilíbrio entre o crescimento do osso e o crescimento do músculo com um aumento da tensão/tração nas inserções tendinosas.

SINAIS E SINTOMAS

A manifestação é caracterizada por dor do tipo mecânico, durante ou após a atividade física. Existem muitos locais de manifestação possíveis.

Doença de Panner

  • Osteocondrose que afeta o côndilo externo do cotovelo mais frequente no braço dominante. O tratamento passa pela redução das atividades que sobrecarregam o cotovelo.
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Doença de Scheuermann

  • Clinicamente caracterizada por uma acentuação da curvatura na coluna dorsal associada a deformidades compensatórias (posicionamento anterior dos ombros, protusão abdominal e acentuação da lordose lombar) tendo início entre os 10 e 16 anos de idade, pode manifestar-se com dor e fadiga fácil. Radiograficamente encontra-se deformidades dos corpos vertebrais em cunha com estreitamento dos discos e existência de nódulos de Schmorl.
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Doença de Blount

  • Na doença de Blount existe uma lesão da físe interna proximal da tíbia de qual resulta um desvio do crescimento. A frequência é maior nas crianças obesas, de baixa estatura e que tem início precoce da marcha, sendo a idade de iniciou entre 1 a 8 anos de idade. Observa-se um desvio assintomático do joelho em varo na parte superior da tíbia com instabilidade tardia. Dependente do estádio o tratamento passa por tratamento conservador até à necessidade de uma correção cirúrgica.
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Osgood-Schlatter/ Sinding-Larson-Johansson

  • Osteocondrose de tração da tuberosidade anterior da tíbia/ do polo inferior da rotula de carácter benigno, transitório e autolimitado que é mais frequente no sexo masculino (3:1) com início na adolescência entre os 10 a 16 anos. Mais afetados são adolescentes ativos e/ou atletas.Característico é a dor localizada sobre a TAT/polo inferior da rotula e à flexão máxima da perna. A duração dos sintomas pode ser de semanas a anos. Radiográficamente encontra-se uma irregularidade e fragmentação. O tratamento passa por restrição da actividade física e ortoteses
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Doença de Sever

  • Classificada como osteocondrose não-articular de sobrecarga que afecta o calcâneo sem preferência de sexo nas idades entre os 8 e 15 anos. Em mais de 60% é bilateral. O exame radiográfico pode ser normal, com alterações inespecíficas ou demonstrar uma esclerose e fragmentação da apófise calcânea.Os sintomas cedem mediante descarga, talonetes de silicone e elevação do salto do sapato acompanhado por redução da actividade física e alongamento das cadeias musculares.
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Doença de Köhler

  • A osteocondrite do Os naviculare afecta crianças após o início da marcha (< 6 anos) e é mais frequente em rapazes (4:1). Clinicamente existe dor local à palpação e ao movimento. Imagiologicamente existe uma fragmentação e esclerose do naviculare. O tratamento é principalmente sintomático com suspensão da carga e calçados com palmilhas. A evolução e favorável.
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Freiberg-Köhler (Köhler II)

  • Trata-se de uma osteocondrose que afecta os metatarsos II a IV com uma incidência 4 vezes maior no sexo feminino nas idades entre os 8 e 18 anos. Como causa são discutidos microtraumatismos de repetição que levam a pequenas fraturas e alteração vascular à cabeça metatarsiana.Clinicamente existe uma metatarsalgia que piora com a marcha e a actividade física. O tratamento passa por alívio da pressão local por exemplo com palmilhas ou se necessário cirurgicamente.
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TRATAMENTO

O tratamento depende do diagnóstico. Os princípios terapêuticos passam pela identificação das causas e minimizá-las, aliviar a tensão muscular (alongamento muscular, ortoteses – palmilhas, joelheira, banda), restrição da atividade física, analgesia/anti-inflamatório, físioterapia, cirurgia em SOS.

EVOLUÇÃO / PROGNÓSTICO

As osteocondroses são lesões frequentes na criança e no adolescente que estão relacionadas aos surtos de crescimento e a períodos de alterações hormonais.

O tratamento é principalmente conservador. Mesmo sendo uma patologia que normalmente é bem controlável é preciso levar os sinais de alerta a sério, as complicações podem levar a tratamentos cirúrgicos e sequelas posteriores.

Menisco discoide

O QUE É?

O menisco é uma estrutura que se encontra entre o fémur e a tíbia, do lado interno e externo, em forma de cunha e de uma lua crescente. O menisco discoide é uma variante anatómica congénita com um menisco mais espessa de forma em meia lua, oval ou em disco, que cobre grande parte ou a totalidade do prato tibial. A maioria é encontrada no menisco externo. A causa do menisco discóide é desconhecida.

SINAIS E SINTOMAS

Os sintomas mais comuns do menisco discoide com e sem rotura são a dor, o défice de extensão completa do joelho, o aumento de volume, um ressalto (palpável, visível e por vezes audível) ou mesmo um bloqueio do joelho. Em casos mais extremos, parte do menisco pode sair da articulação do joelho e pode ser visto logo abaixo da pele.

TRATAMENTO

O tratamento depende do tipo de menisco discoide. Um menisco discoide assintomático e sem lesão encontrado por acaso numa artroscopia não necessita de ser tratado. No menisco discoide sintomático o tratamento é cirúrgico. Será feito uma resseção mantendo uma faixa periférica estável (em forma mais anatómica) com ou sem sutura. Se isto não for possível, por existir destruição do menisco este será removido. A resseção completa é de evitar pelo risco de uma artrose secundária.

EVOLUÇÃO / PROGNÓSTICO

Semelhante ao resultado de meniscectomias parciais no menisco normal, os resultados funcionais bons e muito bons a médio e longo prazo são de 76% e 85% num menisco discoide de moderado grau.

O maior número de pacientes volta à atividade diária normal. No entanto, se o menisco foi removido por completo, existe um risco de a dor continuar e, potencialmente, uma artrose precoce. Sinais radiológicos de artrose inicial são encontrados após meniscectomia completa em 56% dos pacientes. Após meniscectomia total devem ser evitados desportos de impacto e rotação sobre o joelho, estes incluem por exemplo futebol, ténis e basquetebol. O transplante meniscal no esqueleto adulto poderá ser uma opção a ponderar.

Pé Boto

Introdução

Também designado por Pé Equino-Varo Congénito, é a deformidade congénita músculo-esquelética mais comum com uma incidência estimada de 1-2 casos por cada 1000 nascimentos na população caucasiana.

Em 80% dos casos é uma deformidade isolada (idiopática) e os bebés são de resto saudáveis! Nos restantes 20% dos casos surge associado a um síndrome e/ou outras malformações congénitas.

Definição

É uma deformidade complexa na qual estão envolvidas várias estruturas ósseas, articulares, musculares, tendinosas e cápsulo-ligamentares do(s) pé(s) e perna(s) afectados.

Caracteriza-se por uma posição anormal e rígida do pé presente à nascença e apresenta as seguintes deformidades:

Pé Equino-Varo Congénito
Pé Equino-Varo Congénito

Qual a causa?

A causa é ainda desconhecida, contudo um componente genético é fortemente sugerido estando descrita uma ocorrência familiar em 25% dos casos. Ou seja, não é causada por algo que os pais possam ter feito de errado durante a gestação. Pais sem doença, com uma criança afetada, têm 2.5%-6% de probabilidade de terem um 2º filho com pé boto.

Quais os sintomas?

A deformidade não é dolorosa durante o crescimento, mas se não for tratada o seu filho pode mais tarde ter dificuldades em andar. Irá andar sobre o bordo externo do pé em vez da planta do pé, desenvolver calosidades e dificuldade no calçado, podendo desenvolver dores.

O que começar por fazer?

O Pé Boto pode ser diagnosticado nas ecografias pré-natais. Trata-se de uma deformidade que se estabelece durante o desenvolvimento do embrião, entre a 8ª e a 20ª semana de gravidez, pelo que na 1ª ecografia morfológica realizada ás 20 semanas, poderá ser visível a deformidade. Contudo, só depois de nascer é que podemos confirmar clinicamente se se trata de uma deformidade rígida (verdadeiro pé boto) ou flexível (deformidade postural). Não há necessidade de realizar exames complementares ao bebé (Raio X ou outros) para confirmar o diagnóstico. Normalmente as deformidades posturais, que se devem à posição do feto dentro do útero, estabelecem-se nas últimas semanas de gravidez e são diagnosticadas apenas no 3º trimestre de gestação. Se se confirmar o diagnóstico, após o nascimento, ou se existir alguma dúvida relativamente ao mesmo, o seu bebé irá ser encaminhado pelo Obstetra ou pelo Pediatra para uma consulta de Ortopedia Infantil.

Quando consultar o médico?

Alguns centros hospitalares com a especialidade de Ortopedia Infantil dispõem de consultas Pré-Natais de Pé Boto às quais os futuros pais podem recorrer para esclarecimento de dúvidas relativamente ao tratamento e prognóstico, minimizando assim o factor surpresa e a ansiedade que é normal surgir face a este diagnóstico. Facilita igualmente o acesso posterior à consulta de Ortopedia Infantil para a qual o recém-nascido deve ser encaminhado pelo Obstetra ou Pediatria, após o nascimento. Esta 1ª consulta deve ser realizada, idealmente, nos primeiros 15 dias de vida.

Como tratar?

O tratamento do Pé Boto deve ser iniciado idealmente até aos 10-15 dias de vida e consiste em manipulações semanais do pé (4-8 semanas) e aplicação de um gesso moldado, seguido do uso de um aparelho de abdução (botas e barra) até aos 4-5 anos de idade. As cirurgias só são necessárias em casos de pé boto recidivado ou negligenciado.

Este método de tratamento designa-se por Método de Ponseti e foi desenvolvido pelo Dr. Ignacio Ponseti nos anos 60. Esta técnica é hoje em dia universalmente aceite como o tratamento de eleição para o pé boto. O objetivo do tratamento é obter um pé plantígrado, flexível e indolor que permita uma marcha normal.

Segundo o Método de Ponseti, o tratamento divide-se em 3 etapas:

  1. FASE DE CORRECÇÃO – Manipulações e gessos seriados
  2. Tenotomia do Tendão de Aquiles
  3. FASE DE MANUTENÇÃO – Uso de ortótese de abdução

FASE DE CORRECÇÃO

Na fase de correção, o pé do bebé é gentilmente manipulado de forma gradual, na direção da posição correcta e, de seguida, é aplicado um gesso moldado que manterá a correção atingida até à próxima manipulação dentro de 5-7 dias.

O primeiro gesso é realizado até uma ou duas semanas após o nascimento do bebé. Este início precoce do tratamento é favorável porque os ligamentos e tendões do bebé são muito elásticos, o que facilita o alongamento e a correção progressiva.

Pé Equino-Varo Congénito

O gesso moldado é um gesso cruro-podálico, o que significa que se estende desde a raiz da coxa até à base dos dedos dos pés. Conforme a rigidez da deformidade, o bebé pode precisar de 4 a 8 gessos para atingir a correção desejada.

TENOTOMIA

Antes do último gesso moldado, o pé terá sido corrigido de uma posição incorreta voltada para dentro, para uma posição em que a ponta do pé apontará para fora.  O último passo da correção consiste em corrigir a posição em equino (ponta do pé aponta para baixo) de forma a permitir a flexão dorsal do pé em 10-15°.

Para obter esta correção, em mais de 85% dos casos, é necessário recorrer a um procedimento cirúrgico mini-invasivo (incisão na pele com menos de 5 mm) de libertação do tendão de Aquiles. Este tendão, que se encontra muito tenso, é submetido a um corte ou secção através da pele, permitindo o seu alongamento. Designa-se este procedimento de tenotomia percutânea do tendão de Aquiles.

Pé Equino-Varo Congénito

TENOTOMIA

Antes do último gesso moldado, o pé terá sido corrigido de uma posição incorreta voltada para dentro, para uma posição em que a ponta do pé apontará para fora. O último passo da correção consiste em corrigir a posição em equino (ponta do pé aponta para baixo) de forma a permitir a flexão dorsal do pé em 10-15°. Para obter esta correção, em mais de 85% dos casos, é necessário recorrer a um procedimento cirúrgico mini-invasivo (incisão na pele com menos de 5 mm) de libertação do tendão de Aquiles. Este tendão, que se encontra muito tenso, é submetido a um corte ou secção através da pele, permitindo o seu alongamento. Designa-se este procedimento de tenotomia percutânea do tendão de Aquiles.

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FASE DE MANUTENÇÃO

Após a fase de manipulação e gessos seriados, a posição do pé está corrigida, mas o tratamento ainda não acabou! No dia em que é removido o último gesso, 3 semanas após a tenotomia, será colocada uma ortótese de abdução.

O objetivo da ortótese é manter a correção obtida enquanto existir potencial de recidiva. A ortótese consiste num par de botas de cano alto com dedos abertos, acopladas às extremidades de uma barra de alumínio ajustável.

O uso diário da ortótese 23h/dia durante 3 meses e depois durante o sono (12h/dia – sestas e dormir) até aos 4-5 anos de idade é OBRIGATÓRIO, para evitar a recorrência da deformidade. O uso da ortótese não atrasará o desenvolvimento da criança relativamente ao sentar, gatinhar ou andar!

Quais as complicações?

A percentagem de recidiva é de cerca de 20% nos primeiros 2-3 anos e deve-se, na maior parte dos casos, ao não cumprimento do uso da ortótese! Esta situação obriga à repetição de todo o processo de correção com gessos moldados seriados e por vezes da tenotomia do tendão de Aquiles. Recidivas que surjam depois dos 3 anos de idade podem necessitar de tratamento cirúrgico.

Uma pequena percentagem dos bebés com pé boto apresentam pés mais rígidos, muito pequenos, rechonchudos e com pregas profundas e que são mais resistentes aos estiramentos e manipulações. Exigem uma técnica de manipulação diferente e poderão necessitar de intervenções cirúrgicas adicionais e mais precoces se o tratamento conservador falhar.

Qual o resultado / prognóstico?

Com um tratamento adequado a criança pode levar uma vida normal e praticar desporto, praticamente sem se notar a deformidade. Normalmente o pé atingido é mais pequeno e os músculos da perna são mais delgados, pelo que se torna mais evidente nos casos em que só um pé é atingido, mas não altera a sua função.

Aconselhamento aos pais e cuidadores.

O tratamento do pé boto é um trabalho de equipa envolvendo a equipa médica e a família. O médico desempenha um papel fundamental na fase inicial na correção da deformidade, mas é aos pais que cabe a responsabilidade de manter a correção. O envolvimento e capacitação dos pais na fase de manutenção é crucial porque passa a ser da sua responsabilidade a adesão ao tratamento. O seu médico estará presente em todas as fases para esclarecer as suas dúvidas e tranquiliza-lo ao longo de todo o processo e não deve hesitar em contactá-lo no caso de surgir alguma complicação. O tratamento nunca deve ser suspenso sem indicação médica.

Pé plano infantil flexível

O QUE É?

Tem existido ao longo das últimas dezenas de anos uma grande preocupação por parte dos pais em relação a esta situação. Durante muito tempo foram usados numerosos métodos de tratamento que para além de serem dispendiosos, se revelaram ineficazes em relação aos objectivos pretendidos ( O desenvolvimento de uma arcada plantar) como também prejudiciais em relação ao desenvolvimento do pé. A próprio formação e desenvolvimento psicológico podem ser afectadas negativamente pelo uso este tipo de terapias. A maior parte das crianças ultrapassa esta fase em que a arcada plantar não existe ou não é visível, e na fase adulta não tem qualquer tipo de problemas por causa disso.( 23% dos adultos têm um pé plano assintomático).

DEFINIÇÃO

Na realidade o pé plano infantil flexível é uma variante do normal e a maior parte das crianças nasce sem uma arcada plantar ou esta não é facilmente observável pela quantidade de gordura plantar existente nas crianças de tenra idade. A formação ou o aparecimento da arcada plantar surge na maior parte dos casos entre os 5 e os 8 anos de idade pela atrofia relativa da gordura plantar e pelo aumento da tonicidade dos músculos e ligamentos do pé. O facto de a arcada não existir numa criança com um pé plano flexível e indolor não deve constituir qualquer motivo de preocupação. Quando a criança se coloca na ponta dos pés a arcada torna-se visível. Com a evolução para a adolescência, algumas crianças desenvolvem um quadro de queixas dolorosas ou cansaço fácil pela actividade física ou aumento do peso corporal e nesse caso justifica-se a observação pelo ortopedista.

O PÉ PLANO “PROBLEMÁTICO”

Vários estudos realizados em recrutas do exército norte-americano e empregados de balcão comprovaram não existir qualquer tipo de queixas associadas à existencia de pé plano flexível. As únicas situações em que as queixas apareciam estavam relacionadas com a existência de problemas associados:

  • Pé plano rígido
    Trata-se de uma situação potencialmente mais grave, causando dor e incapacidade funcional intensas por vezes e com tratamento essencialmente cirúrgico.
  • Pé plano flexível com encurtamento do tendão de Aquiles
    O encurtamento do tendão de Aquiles pode ser congénito ou adquirido e até por problemas neurológicos. Só a observação e eventuais exames complementares poerão esclarecer melhor a situação.

TRATAMENTO

Sómente os casos em que existem queixas terão indicação para tratamento que consiste sobretudo em exercícios de alongamento e fortificação muscular. Os numerosos estudos desenvolvidos sobre o uso de implantes ou ortoses têm revelado que não exercem qualquer acção sobre a evolução clínica e o desenvolvimento de um pé com arcada plantar normal.

O tratamento cirúrgico está indicado em casos seleccionados de adolescentes com queixas dolorosas ou rigidez e pode ser mais ou menos complexo consoante os casos

Rotura do ligamento cruzado anterior (LCA) no jovem

Rotura do LCA no jovem

DEFINIÇÃO

O ligamento cruzado anterior (LCA) é importante para a estabilidade e biomecânica do joelho, principalmente nos desportos que requerem movimentos de rotação do joelho.

O LCA funciona como estabilizador em todos os movimentos, principalmente na prevenção do movimento de translação da tíbia em relação ao fémur.

EPIDEMIOLOGIA

A rotura isolada do LCA é uma lesão pouco frequente, porém de grande severidade e ocorre com maior incidência no jovem desportista entre os 20 e os 30 anos, no entanto, nos últimos anos foi observado um aumento significativo na idade pediátrica. Sendo a causa principalmente o crescente número de crianças participantes em desportos de alto rendimento e em faixas etárias menores.
O mecanismo de lesão mais frequentemente observado é o indireto.

Os desportos mais implicados neste tipo de lesão são o basquetebol, futebol, voleibol e esqui. Habitualmente estas lesões acompanham-se de dor imediata, sensação de estalido, edema, limitação funcional e sensação de instabilidade do joelho.

SINAIS E SINTOMAS

O exame físico muitas vezes é suficiente para o diagnóstico. Porém, a laxidez ligamentar existente nesta faixa etária pode trazer-nos duvida pelo que a bilateralidade no exame físico deve sempre ser testada.

TRATAMENTO

Para a decisão do tratamento, os fatores de risco e as características intrínsecas da criança devem ser analisados e levados em consideração. Quanto às indicações, a escolha entre o tratamento conservador ou cirúrgico ainda é controversa.
As indicações e as técnicas cirúrgicas utilizadas neste grupo de pacientes devem ser individualizadas, uma vez que estes pacientes possuem características anatómicas particulares, especialmente em relação à placa fisária e possíveis complicações relacionadas, como dismetrias e alterações angulares do membro inferior.

CIRURGIA

O tratamento das lesões do LCA continua a ser um desafio ao cirurgião ortopédico, uma vez que, independentemente do sucesso do procedimento cirúrgico, os resultados continuam a ser considerados insatisfatórios.

As técnicas cirúrgicas são variadas e a decisão deve levar em consideração o potencial de crescimento restante da criança. Para doentes esqueleticamente mais imaturos existem técnicas que não provoquem lesões das cartilagens de crescimento para evitar possíveis sequelas. Doentes com pouco potencial de crescimento podem ser tratados  cirurgicamente como adultos, porém com algumas singularidades quanto à técnica.

EVOLUÇÃO / PROGNÓSTICO

A ligamentoplastia do LCA apresenta uma incidência de ate 21% de re-rotura em pacientes jovens (idade inferior a 25 anos) e 23% em atletas jovens que retornam à atividade desportiva.

Apesar dos crescentes avanços nas técnicas e dispositivos relacionados com a ligamentoplastia do LCA, o resultado final a longo prazo ainda resulta num joelho com cinemática anormal e a osteoartrose ainda é um desfecho frequentemente encontrado.

Pacientes e familiares devem sempre ter em mente que o objetivo principal do tratamento é a preservação articular a longo prazo e não o regresso ao desporto. Este factor deve ser considerado secundário e as expectativas devem ser realistas quanto aos resultados funcionais.

Publicações da Especialidade